PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO - JAÚ

"Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: 'Tomai cuidado com os doutores da Lei!'."
Mc 12,38a (32 TC-Ano B)
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Para refletir

Como Salvar Minha Família

Irmão Bento era um monge muito santo. Além de santo, tinha a fama de ser excelente conselheiro matrimonial. Sua fama se espalhava por toda a região.

Segundo diziam, este santo monge tinha o dom da palavra de ciência e da palavra de sabedoria e esses dons sempre se manifestavam em forma de visões.

Sr. Alfredo, numa duvidosa tarde, foi procurá-lo e descreveu o grande drama que estava vivendo:

— Irmão Bento, eu estou vivendo mergulhado em grandes problemas. Estamos passando por uma séria crise financeira. Tudo em nossa casa dá errado. De uns tempos pra cá, nada dá certo em nossa vida. Minha família vive um pequeno inferno. Minha mulher está sempre doente. Ela só sabe reclamar da vida e dos problemas. Eu, de vez em quando, acabo exagerando na bebida. Meu filho mais velho cheira cocaína, fuma maconha, tem o corpo todo cheio de tatuagens, não faz a barba, toca saxofone e flauta nos botecos por aí. Bebe que é uma coisa medonha e tem um cabelo tão longo que mais parece uma moça. Minha filha é terrível. Cada dia ela aparece com um namorado diferente. E, o pior, usa umas roupas que o senhor nem pode imaginar. Meu filho caçula, de 12 anos, já foi expulso de três colégios. Só quer saber de andar de bicicleta e ver televisão. E, o pior, hoje faz seis meses, três dias e quatro horas que minha sogra está morando lá em casa. Para o senhor ver, tudo está errado em minha vida e eu preciso de sua ajuda. O que devo fazer? Por que tudo está dando errado em nossa família? Nós já fizemos de tudo que nos ensinaram. Fomos até a uma benzedeira e ela pediu que levássemos umas velas, uma galinha, uma garrafa de cachaça e ainda cobrou mais duzentos reais. Mas parece que até ficou pior do que estava. Já queimamos incenso, compramos uma pirâmide, fizemos mapa astral e nada mudou. Então, eu resolvi procurar o senhor. Já que o senhor é um homem tão santo e tem visões, será que o senhor não poderia me dizer a causa de todos esses problemas? Eu já não estou mais aquentando esta vida. Por favor, me ensine uma reza, ou faça uma oração por nós. Pelo amor de Deus, nos ajude!

O santo homem de Deus colocou a mão sobre a cabeça do senhor Alfredo e fez uma silenciosa oração. Depois, disse:

— Sr. Alfredo. Estou tendo uma visão. O Senhor está me mostrando uma coisa muito grave! Deus está me revelando que, dentro de sua casa tudo vai mal, e tudo vai mal porque vocês estão cometendo um dos mais medonhos pecados da face da terra. É algo muito sério. Mas, não sei se posso revelá-lo ao senhor.

O homem arregalou os olhos e falou:

— Por favor, Irmão Bento! Foi pra isso que eu vim até aqui. O que está acontecendo?

— Sabe, meu senhor, o problema é que dentro de sua casa vocês estão cometendo o pior pecado do mundo. Nem tenho coragem de falar sobre isso…

— Mas, homem de Deus – interrompeu seu Alfredo -, por favor. O senhor pode falar sem medo. Quem está cometendo este pecado? Eu já estava mesmo desconfiado de minha mulher! O senhor pode me contar que eu acabo com a vida do sujeito. Por favor…

— Não é nada disso, Alfredo! O pecado que vocês estão cometendo é o pior de todos - disse o Irmão Bento.

— Mas que pecado tão terrível é esse? Pelo amor de Deus, seu monge, pode falar que estou preparado para ouvir.

— Bem, meu filho. O senhor sabe que Deus é amor. E que Deus amou tanto o mundo que mandou seu filho único para que todos que Nele cressem fossem salvos. Jesus veio e nós o matamos. Então, Deus o mandou novamente para a Terra, só que Ele não poderia vir com o mesmo rosto de antes, senão o mundo o mataria mais rápido ainda, e diante das câmeras de televisão. Então, Jesus voltou, só que Ele veio disfarçado. E a verdade é que um dos membros de sua família é o próprio Cristo, disfarçado.

— O senhor está falando que lá em casa mora o próprio Senhor Jesus Cristo, disfarçado? É melhor o senhor conferir aí na sua Bíblia, porque acho isso impossível. Se o senhor conhecesse minha família jamais falaria uma barbaridade dessas… É que o senhor não faz ideia de como é a nossa família…

— É isso mesmo! Não é nenhum engano! Jesus está disfarçado em um dos membros de sua família e, como vocês não o reconhecem, tudo vai mal. Afinal de contas, sem saber quem é o Cristo disfarçado, vocês ficam tratando mal um ao outro. E, como vocês estão se tratando muito mal, estão ofendendo a Jesus Cristo dentro de sua casa. E é esse o grande pecado de vocês. Aliás, esse é o maior pecado que alguém pode cometer. Enquanto vocês não descobrirem quem é o Cristo, nada irá mudar na vida de vocês.

— Sério mesmo? Ah, mas eu vou resolver isso, ou não me chamo Alfredo.

Sr. Alfredo saiu daquele encontro cheio de preocupação. Quem em sua casa poderia ser o Cristo disfarçado? Antes de chegar em casa, para não perder o costume, passou no barzinho e tomou logo umas três doses da “branquinha”. Ele gostava tanto disso que, ao dar um gole, sempre tapava o nariz, pois, gostava dela bem pura, só em sentir o cheiro já ficava com a boca cheia d’água. Logo, para não estragar o sabor, tapava o nariz para não correr o risco de salivar. Tomou seus tragos e foi rapidamente para casa, onde reuniu toda a família. Diante de todos, falou do seu encontro particular com Irmão Bento, o homem de Deus já conhecido por todos. Disse-lhes claramente, sem rodeios, que ali vivia o Cristo disfarçado e que era preciso descobri-lo imediatamente, já que, enquanto não se detectasse quem era o Cristo disfarçado, nada melhoraria naquela casa. Sem muita cerimônia perguntou:

— Quem de vocês é o Cristo disfarçado? Que se apresente, agora!

Todos se entreolharam admirados. Será que o Sr. Alfredo tinha bebido além da medida? Que história é essa mais sem cabimento. Os filhos chegaram a esboçar um riso disfarçado. Mas Sr. Alfredo insistiu:

— Quem é o Cristo disfarçado?

Como ninguém se apresentou, Sr. Alfredo voltou a falar com o Irmão Bento.

— Olha, aqui é o Alfredo, eu estive aí ontem à tarde. O senhor me disse que o Cristo disfarçado estava morando em minha casa. Queria pedir que o senhor conferisse melhor o endereço, pois fiz uma ampla pesquisa em minha casa e chegamos à conclusão de que lá ele não mora mesmo.

O monge continuou irredutível.

— Pois eu lhe digo com certeza, Sr. Alfredo, um deles é o Cristo disfarçado!

Outra reunião com a família e, agora, com mais veemência ainda, disse Sr. Alfredo:

— Olha, gente, o monge é um homem santo. Tudo que ele falou até hoje deu certo. Ele não iria inventar uma história dessas. Uma pessoa aqui nesta casa, é mesmo o Cristo disfarçado, e é melhor que se mostre logo.

Juninho, o mais novo, arriscou um palpite:

— Pai, quem sabe seja a vovó!

Sr. Alfredo ficou enfurecido:

— Meu filho, não fale uma bobagem dessas, nem por brincadeira. Cale essa boca. Onde já se viu você falar umas coisas dessas! Oh, meu Deus, perdoa meu filho por esta blasfêmia. Filho, olhe bem para sua avó. Como é que Cristo poderia se disfarçar num trambolho desse? Meu filho, eu quero que você aprenda uma coisa, desde pequeno, para nunca mais esquecer: sogra a gente deve gostar, igualzinho eu gosto de cerveja, ou seja, geladinha em cima da mesa.

— Então deve ser o papai – disse a filha Juliana, fofa e linda, como sempre!

— Aí foi a vez de a sogra externar seu direito de opinar, cheia de uma fúria que ela guardava havia anos:

— Ah, deve ser mesmo! Eu fico olhando para a cara desse homem e imaginando Cristo disfarçado de anta bêbada. Você já ouviu falar que Cristo era um alcoólatra, mal-educado, bruto e sem escrúpulos? Agora é que estamos pecando mesmo de verdade. Este homem é um jumento em forma humana. Nunca vi uma pessoa mais ignorante. Como é que pode ele ser o Cristo?

D. Matilde, a esposa, até então em completo silêncio, completou:

— Alfredo ser o Cristo disfarçado? Isso seria uma grande piada. Ele é um homem da pior espécie possível. Vive deixando roupa espalhada pelo chão do banheiro. Quando falo com ele, está sempre bocejando. Fuma no quarto. Assiste a TV sempre com o controle remoto na mão. Chega suado da rua e com os pés sujos do jogo de futebol e vai direto para a cama. Bebe feito um condenado. Não corta e nem limpa as unhas dos pés. Chega a esquecer o nome dos próprios filhos e fica perguntando baixinho, como se chama aquele menorzinho? E você, Juliana, vem me dizer que ele poderia ser o Cristo disfarçado? Tenha dó, minha filha.

Caíque o filho mais velho, que até então estava só observando o furdunço, deu o seu palpite:

— Talvez então seja a mamãe!

Sr. Alfredo mais uma vez se enfureceu:

— Meu filho, isto seria uma outra bobagem sem tamanho. Sua mãe só sabe reclamar da vida. Basta a gente pegar um jornal para ler e ela já vem puxando conversa fiada, e quando a gente está morrendo de sono ela vem querendo ter uma conversa séria. Enche a casa de plantas e ainda coloca uma samambaia bem em cima do DVD. Quando eu quero ir a uma festa, ela faz cara feia, mostra desânimo e faz tudo para que eu desista. Erra sempre quando me compra uma roupa de presente: sempre fica pequeno. Quando lhe dou um presente, logo ela repassa para a empregada. Vive falando mal da minha mãe. Chorou a gravidez inteira e tudo que vocês fazem de errado ela logo diz que a culpa é minha. Basta um erro e ela já diz que puxou ao pai. Meu filho, como ela poderia ser o Cristo? Olha, a Bíblia diz que Jesus curava todas as doenças. A sua mãe tem todas as doenças. Ela é absolutamente o contrário de Jesus! Depois, se sua mãe fosse o Cristo disfarçado, a cruz de Jesus deveria ser de aço ou ferro fundido. Que outra cruz suportaria tanto peso assim? Sua mãe só sabe comer e reclamar…

Juliana, então, disse:

— Talvez seja o Caíque!

Foi então a vez do Juninho reclamar:

— Como o Caíque? Jesus por acaso fumava maconha? Olhe bem para a cara do Caíque: um cabelo horroroso. Ele nem lava os cabelos. E aquela caveira que ele tem tatuada nas costas? Como pode ser o Cristo?

D. Matilde exclamou:

— Pode ser o Juninho: ele é o mais novo da casa!

Foi a vez de Juliana retrucar:

— Mamãe, que absurdo! Jesus era um menino muito inteligente. A Bíblia diz que aos doze anos Ele Se perdeu e, quando Sua mãe O encontrou, estava no meio de doutores, explicando-lhes as escrituras. O Juninho é um burrinho em forma de gente. Já foi expulso de três escolas e este ano, pelo jeito que está, vai ser reprovado de novo!

— E se for a Juliana? - perguntou a avó com os olhos cheios de ternura.

Caíque não se conteve:

— O quê? A Juliana ser Jesus? Isto sim é que é uma blasfêmia! Olhe bem para as roupas que ela usa. E os namorados esquisitos? A senhora sabia que ela é chamada “a vassourinha” da nossa rua? Já varreu todos os rapazes. Namorou e ficou com a maioria deles. A única coisa em que a Juliana é parecida com Jesus é a roupa. Ela se veste igualzinho o Cristo quando foi pregado na cruz. Nunca poderia ser o Cristo disfarçado!

A discussão continuou por longo tempo. Cada um só se recordava dos defeitos do outro. Sr. Alfredo voltou a procurar o Irmão Bento, dizendo-lhe que talvez tivesse se enganado. No entanto, o monge continuava afirmando que um deles era o Cristo disfarçado! Alfredo voltou desanimado para casa. Disse para todos que o monge continuava afirmando que Jesus estava disfarçado em um deles ali. Cansado, sentou-se, como sempre, diante da TV. No entanto, os filhos continuaram pensando na ideia. Juninho, então, falou:

— Talvez seja mesmo a vovó. Ela até que gosta muito de rezar. E, depois, é a mais velha da família! Acho que precisamos tratá-la um pouco melhor!

Os irmãos concordaram com a ideia. E até o Sr. Alfredo ficou pensando na possibilidade. Por mais triste e terrível, a possibilidade, segundo a palavra firme e certa do monge, era real. E se a sogra fosse, de fato, o Cristo disfarçado?

Mudaram o tratamento com a velha. Passaram a dialogar com ela, fazer-lhe um carinho, tratá-la com mais respeito e atenção. Alfredo, tentando superar todos os conflitos que tinha com a sogra, resolveu até lhe fazer um agrado, levando uma xícara de café na cama. Quando bateu na porta, já sentiu que a acolhida não seria das melhores:

— Quem é?

— Sou eu, minha sogrinha querida.

— Entre.

— Bom dia… Vim trazer um cafezinho quentinho para a senhora.

— Para mim? Tem certeza?

A sogra chegou a pensar que tinha veneno no café. Mas acabou aceitando o agrado do genro e passou a tratá-lo melhor também.

Mas, como ninguém tinha certeza acerca de que quem pudesse ser o Cristo disfarçado, a dúvida então persistia. Poderia muito bem ser qualquer um. E se fosse o pai? Talvez a mãe? Ou um dos filhos? Como o monge havia falado, cada um ali era um possível candidato.

Acabaram melhorando o tratamento em relação aos outros membros da família. D. Matilde parecia muito mais feliz: já não reclamava tanto de doenças. E Sr. Alfredo já não parava mais no barzinho para tomar seu trago de sempre. Cada um começou a tratar o outro levando em conta a possibilidade de ser o Cristo disfarçado. Marido e mulher se olhavam com mais carinho e respeito. Os filhos começaram a perceber os valores dos pais. Os pais passaram a reservar um tempo para o diálogo, para o carinho entre si e para com os filhos. Genro e sogra já não se estranhavam. E as coisas começaram a mudar naquela casa.

Algum tempo depois, tudo havia mudado. As coisas se acertaram como que por um milagre. Juninho conseguiu melhorar muito seu rendimento na escola. Caíque chegou a ajudá-lo em muitas lições, e Juliana já não saía tanto pelas lanchonetes e boates. O clima daquela casa parecia outro!

Aquela família, que dizia viver num pequeno inferno, agora começou a experimentar algumas mudanças consideráveis. Já não tinha tanta dívida, porque se uniram para pagar o que deviam. O pai, pela vontade de chegar logo em casa, já não parava mais nos botecos do caminho. Era tão bom quando Juliana vinha deitar-se no colo do Sr. Alfredo!

A família foi também descobrindo o valor da oração. E foi com grande alegria que o Irmão Bento viu todos eles na missa das dez horas daquele domingo. Na terceira fila de bancos do lado esquerdo, toda a família, um do lado do outro, participando da Santa Missa. Ele ficou tão emocionado que ao final da celebração foi procurá-los para um abraço muito sincero, e lhes disse:

— Que bom! Vocês descobriram o segredo! Na medida que começaram a tratar o outro como se fosse o próprio Cristo, vocês aprenderam a ver Jesus um no outro. Com isso, descobriram algo maravilhoso: vocês estão enxergando um ao outro com os olhos do próprio Cristo. Vocês descobriram o grande segredo. Tentando ver Cristo disfarçado, descobriram o Cristo que existe, de fato, no coração e na vida do outro, e em cada um. E esse segredo foi Jesus mesmo quem nos ensinou: “todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mat 25,40). É isso mesmo, meus irmãos. Quem não for capaz de ver Jesus na pessoa do outro, jamais vai ser capaz de ver a pessoa do próprio Jesus.

Esse é o grande segredo para a vida familiar!

Esse é o grande segredo para a restauração de nossas famílias.

Talvez você também se encontre, hoje, como o Sr. Alfredo, naquela tarde em que foi ao encontro de Irmão Bento. E por que as coisas não vão bem em sua casa? Jesus deve também estar disfarçado em algum dos membros de sua família… enquanto não se conseguir enxergar cada um com os olhos do próprio Cristo, nada melhorará na vida familiar.

A maior graça que um casal precisa para si e para seus filhos é enxergar cada um com os olhos de Jesus. Quando isso acontece, passam a enxergar Jesus em cada um.

Não tenha medo de transformar suas necessidades familiares numa oração sincera e verdadeira:

Senhor,

Dá-nos a graça de enxergar com teus olhos, do jeito que tu, Senhor, enxergas.

Sonda-nos hoje e tem compaixão de cada um de nós. Tu, Senhor, que nos teceste no seio materno, dá-nos a graça de perceber-nos segundo teu amor misericordioso.

Padre Léo, scj

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