Acordei com vontade de comprar um presente para Jesus. Afinal, não existe maior amigo que o Mestre dos Mestres e, no dia 25, o aniversário é d’Ele.
Saí cedo de casa e fui ao centro da cidade, pensando primeiramente numa camisa branca; mas, quando vi que o branco mais branco da Terra ainda era cinza perto da sua pureza, fiquei com vergonha e desisti.
Em outra loja vi um sapato de couro, lindo e caríssimo; mas, quando lembrei dos seus pés calçados pelas sandálias da missão cumprida, achei que não existiria na Terra algo tão confortável que merecesse seus pés.
Uma caneta, foi isso que a próxima loja me apresentou, uma linda caneta de marca famosa, seria um lindo presente; mas lembrei-me de que Ele nunca escreveu nada, tudo que Ele falou, mostrou na prática, servindo e amando sempre.
Lembrei-me de que um dia Ele falou que não tinha sequer um travesseiro para recostar sua cabeça, e pensei no melhor travesseiro de plumas de uma loja especializada em sono. Era importado e muito confortável; mas lembrei-me de que os justos dormiam tranqüilos e que Ele jamais usaria o travesseiro.
E, assim, fui olhando as vitrines: abotoaduras de ouro, malas de viagem, bebidas finas, comidas importadas, tudo supérfluo, tudo matéria que o tempo iria corroer. Confesso que saí um pouco chateado do centro comercial; afinal, eu saíra para comprar um presente para Você, Jesus, e não havia achado nada.
Na porta de uma loja, um menino muito miudinho sorriu para mim, perguntou meu nome e eu o dele, ele riu e me estendeu a mão. Tinha o rosto muito sujo, as mãos encardidas. Perguntei pela sua mãe, ele deu de ombros; sobre o pai, nem sabia onde estava... Perguntei se ele queria tomar um lanche, ele sorriu um sim, pegou na minha mão. Na porta de uma loja, olhou para suas roupas e olhou para mim, sabia que não estava corretamente vestido. Peguei-o no meu colo: era a senha para ser feliz. Seus olhinhos miúdos percorriam aquelas luzes, enfeites e pessoas bonitas como se fosse um filme...
Na lanchonete, sentou na cadeirinha giratória e sorriu como “reizinho” e, entre uma montanha de batatas fritas, ríamos felizes como dois velhos amigos. Falamos sobre bolinha de gude, pipas e bola de futebol, coisas importantes para o ser humano, principalmente quando somos crianças. Devoramos dois lanches e, quando perguntei se ele queria um sorvete gigante como sobremesa, seus olhos brilharam feito o sol. Pedi um instante, fui até o caixa, quando voltei com os sorvetes na mão ele já não estava ali... Por instantes, pensei que ele tinha ido ao banheiro, ou estaria olhando a lanchonete, mas não estava ali mesmo.
Foi quando sobre a caixa de batatas vazias vi um papelzinho, um bilhetinho escrito com letra miúda que dizia assim:
Obrigado pelo melhor presente de aniversário que poderia me dar: Fizeste feliz um dos pequeninos do mundo!
Jesus
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