Esta constatação e este apelo nos vêm da 5º Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho e está expressa no número 548 do Documento de Aparecida: ”Necessitamos de um novo Pentecostes! Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de sentido, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir a todas as direções, para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor na história, que Ele nos convoca em igreja e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção do seu reino em nosso Continente!”.
Essa palavra ressoa aos nossos ouvidos como um apelo veemente, como uma convocação, como um desafio. Sim, somos desafiados a nos converter numa Igreja “cheia de ímpeto e audácia evangelizadora”, procurando ser de novo evangelizados e fiéis discípulos.
Necessitamos de um novo Pentecostes! A Igreja partiu de Pentecostes e precisa, hoje, estar aberta a um perene Pentecostes, na docilidade do Espírito que forja missionários decididos e corajosos como Pedro (cf.At. 4,13) e Paulo (cf. At.13,9). Mais do que nunca, é preciso confiar na força do Espírito Santo e deixar que ele aja em nós e através de nós.
Pentecostes era uma festa judaica onde se celebrava o dom da Lei. Segundo a tradição dos fariseus, o povo de Israel, cinquenta dias depois de celebrar a páscoa, chega ao Monte Sinai e ali recebe o dom da Lei. Para a Igreja Católica, Pentecostes assume um novo significado, quer mostrar que existe uma nova lei: a lei do Espírito Santo que é o grande dom do ressuscitado. Celebrar a festa de Pentecostes é afirmar que a Igreja vive no Espírito Santo, no Espírito que a vivifica, a anima, encoraja e a faz “abrir as portas”, antes fechadas “por medo dos judeus”.
O Papa Bento XVI nos convida a “uma missão evangelizadora que convoque todas as forças vivas desse imenso rebanho que é o povo de Deus... e nesse esforço evangelizador - prossegue o Papa - a comunidade eclesial se destaca pelas iniciativas pastorais, ao enviar seus missionários, procurando dialogar com todos em espírito de compreensão e de delicada caridade”.
E o Documento de Aparecida continua: ”Essa missão evangelizadora abraça com o amor de Deus a todos e especialmente os pobres e aos que sofrem. Por isso, não se pode separar da solidariedade com os necessitados e da sua promoção humana integral: se as pessoas encontradas estão em situação de pobreza - diz ainda o Papa - é necessário ajudá-las, como faziam as primeiras comunidades cristãs, praticando a solidariedade, para que se sintam amadas de verdade”.
Necessitamos de um novo Pentecostes! Para fazer o mundo entender o projeto de Deus e para ensinar que Deus quer a salvação de todos. Salvação que começa no “aqui e agora” de nossa história e que não nos deixa “cruzar os braços” diante do mal e do pecado. Estamos diante de um projeto que nos convoca à santidade e à vida. Nesta se concretiza aquela. É vivendo que nos tornamos santos. Em meio às nossas limitações e pecados, somos chamados a ser diferentes e a viver de modo diferente e nisto consiste a santidade: deixar-nos envolver pelo ministério de Deus e colocar as nossas vidas nas mãos daquele que pode nos sustentar, amparar e conduzir.
O Senhor nos diz: “Não tenham medo” (Mt 28,5) e nos convida a redescobrir a beleza e a alegria de ser cristãos: discípulos e missionários de Jesus Cristo. “Nossa alegria, portanto, baseia-se no amor do Pai, na participação do mistério pascal de Jesus Cristo que, pelo Espírito Santo, nos faz passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o sentido profundo da existência, do desalento para a esperança que não engana... Conhecer a Jesus Cristo pela fé é a nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir esse tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou”, conclui o documento de Aparecida.
Dom Paulo Sérgio Machado
Bispo Diocesano
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