Queridos irmãos e irmãs! Paz e Bem!
Nessa última quarta-feira, iniciamos, com o dia de jejum, penitência e abstinência de carne, e com a recepção das cinzas (que simbolizam nosso reconhecimento e nosso arrependimento dos nossos pecados e nosso desejo de trilhar nossa caminhada quaresmal em espírito de penitência, rumo à Santa Páscoa) esse rico e denso tempo litúrgico da Quaresma!
A palavra Quaresma vem do termo latino “quadragésima”, que significa quarenta!
O sentido espiritual da quaresma se fundamenta e se inspira especial e principalmente nos quarenta dias e quarenta noites que Jesus, imediatamente após o Seu Batismo no Rio Jordão, retira-Se ao deserto, movido pelo Espírito Santo para, no Jejum e na Oração, escutar o Pai, discernindo a Sua Santa Vontade e, assim, fielmente viver a Sua Missão! Nesse tempo de deserto, Jesus, que veio para implantar o Reino de Deus, removendo o reino do “Príncipe deste mundo”, o derrota em Seu combate espiritual, abrindo para nós o caminho, o instrumental e a força de, também com Ele, como Ele e por Ele, derrotarmos as propostas enganadoras do tentador, na Luz e força da Palavra de Deus e da oração!
Também em diversos outros textos veterotestamentários (que prepararam e anunciaram o combate espiritual e a vitória de Jesus sobre as forças do mal), a Quaresma encontra luzes e inspiração, como: os quarenta dias e quarenta noites pelos quais o Senhor Deus lava o pecado da humanidade nas águas do dilúvio; os quarenta dias e quarenta noites de oração de Moisés no monte para receber as tábuas da Lei; os quarenta anos da travessia do deserto do Povo de Deus, rumo à Terra Prometida; os quarenta dias do tempo de arrependimento, jejum e oração da população da cidade de Nínive, após a denúncia do profeta Jonas, que conquista a Misericórdia de Deus e salva a cidade da destruição…
A preparação para a Páscoa, neste tempo de quarenta dias que a antecedem (bem como nos quarenta dias que a sucedem, até a Ascensão do Senhor), remonta ao século IV e, até o Papa São Paulo VI, abrangia os quarenta dias desde a Quarta-Feira de Cincas até o Domingo de Ramos. São Paulo VI estendeu a Quaresma até a quarta-feira da Semana Santa, abrangendo, pois, agora, um período de quarenta e quatro dias! Esse tempo litúrgico tem o objetivo de enfatizar e enriquecer a Celebração que é o Núcleo Central da Fé, da Oração e da Liturgia da Igreja: o Mistério Pascal do Senhor!
Para nos prepararmos a fim de bem Celebrar e viver a Páscoa, a Igreja nos propõe dedicarmo-nos à busca de uma efetiva, eficaz e frutuosa conversão (“metanoia” = mudança de mentalidade), pelos exercícios quaresmais: jejum, oração e esmola (solidariedade e prática da caridade).
E a Igreja do Brasil, através de nossos Bispos, pela Campanha da Fraternidade, a cada ano nos propõe uma realidade social que está carecendo de um especial esforço comum de penitência, conversão e gestos concretos de amor! Neste ano (como já aconteceu em duas Campanhas da Fraternidade anteriores), nossa igreja nos conclama a jejuar, orar e nos empenhar pessoal, comunitária e socialmente a combater a triste realidade da fome que assola um grande número de irmãos e irmãs no Brasil e no mundo e, interpelados pela Palavra de Jesus a Seus Discípulos: “dai-lhes vós mesmos de comer”, procurar nutrir com nossa caridade, partilha e solidariedade cristã a vida dos irmãos e irmãs que passam fome!
Que o Espírito do Senhor nos mova e conduza, como o fez com Jesus, a nos fazer “pães” que nutram com nossa caridade, solicitude e partilha fraterna, a vida de muitos irmãos e irmãs!
Boa caminhada quaresmal, rumo a uma vida ressuscitada com Cristo!
Deus abençoe e conduza a todos vocês, suas famílias e a toda nossa comunidade paroquial!
Cônego Toninho Galvão, O. Praem
fevereiro/2023
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