Chegamos ao penúltimo livro profético do Antigo Testamento, Zacarias.
Zacarias era filho de Baraquias, que era filho de Ido. Ido era um sacerdote que retornou a Jerusalém com Zorobabel, o primeiro governante judeu de Jerusalém depois da volta dos judeus do exílio babilônico. Zacarias profetizou do segundo ao quarto anos do reinado de Dario, por volta de 520 a 518 a.C. O nome Zacarias é comum no Velho Testamento e vários homens receberam esse nome naquela época. No caso do profeta, o nome é muito apropriado, pois significa “Javé lembra” e as mensagens que ele anunciou diziam que o povo ainda era escolhido por Deus após terem voltado do exílio. Com seu contemporâneo Ageu, desempenhou um papel importante ao organizar e inspirar os judeus a terminarem a reconstrução do templo.
Não sabemos exatamente quando ou onde o Livro de Zacarias foi escrito. No entanto, sabemos que o próprio Zacarias é o autor e que viveu em Jerusalém logo após o retorno dos judeus de seu exílio na Babilônia.
A dominação persa marca o contexto da profecia de Zacarias. Provavelmente seu pano de fundo sejam os distúrbios que principiaram depois da morte de Cambises, em 522 a.C., motivados pela sucessão do trono persa. A política desse império previa a restauração dos cultos dos povos dominados. Ao patrocinar o culto local, o governante persa esperava conseguir algum consenso, pelo menos dos sacerdotes, para sua administração. É claro que esse conceito de tolerância não pode ser levado ao pé da letra. Não se tratava de consideração legítima pelos outros, mas sim da percepção que o império mundial poderia ser mais bem dominado de maneira duradoura. Qual a situação dos judeus nessa nova ordem política? O povo de Deus continuava dominado. O desejo de libertação, acompanhado de esperança, ainda era extremamente necessário. É nesse contexto que a mensagem de Zacarias se faz presente.
Várias das mensagens que Zacarias recebeu do Senhor vieram na forma de visões. Provavelmente por causa da dificuldade de transmitir visões celestiais em termos terrenos, muitas das mensagens no Livro de Zacarias estão repletas de imagens simbólicas e descrições.
O livro é geralmente dividido pelos leitores em duas partes:
São particularmente significativas as vívidas profecias do ministério terreno de Cristo (Zc 9,9; 11,10–13) e de acontecimentos dos últimos dias, tais como a coligação de Israel, a grande batalha final e a Segunda Vinda (Zc 10,6–12; 12,2–14; 14,1–9).
O livro mostra que a salvação está ao alcance de todos: “Eis o que diz o Senhor dos exércitos: se andares nos meus caminhos e fores fiel no meu serviço, governarás a minha casa, guardarás os meus átrios e eu te darei lugar entre estes que estão aqui diante de mim” (Zc 3,7). Contudo, é importante ressaltar que nem todas as pessoas serão salvas (teoria universalista), isso porque a salvação é plano do Senhor para seu povo e, para isso, é preciso estar na presença do Senhor, acreditar Nele. A salvação não está ligada a escolhas políticas ou elitistas, por exemplo, ou algo que seja simplesmente um regimento criado por mãos humanas, as leis dos homens.
O último capítulo fala sobre o juízo sobre Jerusalém e que o Senhor é bom e deseja que todos o conheçam e sigam seus estatutos. Acima da lei dos homens está a Lei de Deus e, para estar de acordo com ela, é preciso ouvir a palavra Dele, escutar os profetas "Dize a (este povo): eis o que diz o Senhor dos exércitos: voltai a mim – oráculo do Senhor dos exércitos – e eu voltarei a vós – oráculo do Senhor dos exércitos." (Zc 1,3).
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