No capítulo 1, versículo 1 do livro, encontramos a seguinte frase: “Sentença revelada ao profeta Habacuc”.
Quem escreveu este livro, então, é um profeta por nome Habacuc, sobre o qual nós quase nada sabemos. Ele é apresentado somente aqui e no capítulo 3, versículo 1, onde nós lemos: “Oração do profeta Habacuc sob a forma de canto”. Estes são os dois únicos versículos do Antigo Testamento onde o nome desse profeta é mencionado. Nós não sabemos exatamente de onde ele veio, não sabemos qual a sua linhagem; o que sabemos é que, talvez, o nome venha da palavra hebraica que quer dizer ”abraçar”, o que pode significar que Habacuc foi aquele que abraçou-se com Deus no meio da crise. A segunda coisa que sabemos a respeito dele e que ele é referido como “profeta”.
O lugar em que Habacuc viveu, profetizou e escreveu sabemos com segurança que foi no reino do sul, o reino de Judá, numa época em que esse reino havia se desviado dos caminhos de Deus. Ele se refere no livro à violência, iniquidade, opressão, contendas e litígios no meio do povo de Deus. Fala dos juízes que haviam se corrompido, da idolatria que estava sendo praticada e o culto a Deus sendo esquecido. A essa altura, o império babilônico estava se levantando no horizonte político como sendo o próximo poder mundial no lugar da Assíria, que já dominava sobre Judá nessa época.
A profecia de Habacuc se cumpriu em 03 etapas: no ano de 605 a.C., em 597 a.C. e no ano de 586 a.C. Isso nos coloca em algum lugar em meados do século VI a.C. Nessas datas mencionadas, os babilônicos vieram em ondas e começaram a tomar o reino de Judá, conquistar Jerusalém, subjugar os habitantes da terra e levá-los deportados para a babilônia.
Mas o que é exatamente este livro? Ele começa com a passagem que diz: “Sentença revelada ao profeta Habacuc”. Primeiro: a palavra “sentença”, em hebraico, significa literalmente “peso” e é exatamente isso, pois o livro anuncia a sentença de Deus contra seu povo rebelde e era uma sentença pesada. Segundo: o livro diz que foi uma sentença “revelada” ao profeta por meio de VISÕES. É por isso que o livro tem autoridade. Deus mandou Habacuc escrever aquilo que ele estava vendo (capítulo 2, a partir do versículo 2). E é isso que é o livro do profeta Habacuc, o registro dessas visões que Deus deu a ele com respeito à nação de Israel e às nações inimigas. Diferentemente de outros profetas, Habacuc registra também os seus diálogos com Deus a cada revelação. Ele nunca se dirige à sua audiência dizendo por exemplo: “Assim diz o Senhor...” Habacuc em nenhuma vez se dirige ao povo de Judá.
Trata-se um livro bem peculiar, singular. São três capítulos apenas. Os dois primeiros registram as orações de Habacuc a Deus e a resposta de Deus na forma de visões. O terceiro é uma oração de Habacuc na forma de Salmo.
Qual é a finalidade do livro? Por que Habacuc o registrou? A resposta está na ordem que Deus deu a ele. Deus mandou que ele escrevesse para que, quando acontecesse, o seu povo pudesse ter certeza de que Deus é Deus. Eles leriam as palavras do profeta e diriam: “De fato, Deus já nos disse isso anos atrás, que haveria de acontecer”. Com isso, o profeta quer alertar o povo que o juízo estava vindo sobre eles, quer chamar o povo ao arrependimento, quer consolar os crentes diante da crescente ameaça do império caldeu e da iminente invasão dos mesmos.
O tema central do livro está no capitulo 2, versículo 4: “O justo viverá pela fé”. Outro tema do livro é: “O juízo de Deus sobre seu povo rebelde”. Destacamos também que Deus responde às orações ainda que Ele se demore e nem sempre responde exatamente como nós queremos. Foi o que surpreendeu Habacuc por duas vezes. O livro fala também do triunfo final de Deus.
Este livro nos ensina que é natural sentirmos temor diante da crise que estamos vivendo. Habacuc começa o livro em crise e a crise vai aprofundando à medida que ele vai descobrindo que não vai ter livramento e vai haver invasão, sim. Mas ele termina o livro confiante em Deus e se alegrando no Senhor. “Ainda que a figueira não floresça, as vinhas não produzam nada, a cultura da oliveira decepcione, os campos não produzam nada, o rebanho desapareça dos apriscos e não haja mais gado nos estábulos, eu me alegrarei e exultarei em Deus, meu Salvador.”
#saosebastiaojau
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