Seguindo nossa aventura pela Bíblia Sagrada, alcançamos o 12º Livro Profético do Antigo Testamento, o Livro de Miquéias. Um dos grandes profetas do século VIII antes de Cristo, cujo nome significa "Quem é como o Senhor?", Miqueias viveu no tempo de Isaías.
Natural de Morasti-Bat, uma pequena cidade de Judá, o Reino do Sul, ele viu que este reino corria o perigo de sofrer o mesmo castigo que Israel, o Reino do Norte, havia sofrido. Assim, profetizou a respeito de Samaria e Jerusalém durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias.
As palavras proféticas de Miqueias a respeito da desolação de Samaria devem ter sido proferidas antes da destruição daquela cidade, em 740 a.C., e suas declarações orais, evidentemente, foram assentadas por escrito antes do fim do reinado de Ezequias. Elas consistem em três seções básicas, cada uma delas começando com a palavra “ouvi” (Miq 1,2; 3,1; 6,1).
No tempo do profeta, prevaleciam condições morais deploráveis entre os reinos de Israel e de Judá. Os líderes oprimiam o povo, especialmente os pobres. Juízes, sacerdotes e profetas andavam atrás de dinheiro. Idolatria, fraude, opressão, injustiças e derramamento de sangue eram abundantes.
O profeta apresenta com certa ingenuidade os erros de Israel e de Judá. Ao mesmo tempo em que prediz a desolação de Samaria e de Jerusalém por causa das suas transgressões (Miq 1,5-9; 3,9-12), apresenta também promessas de restauração e de bênçãos divinas a seguir (Miq 4,1-8; 5,7-9; 7,15-17): o Deus que castiga o seu povo é o Deus que perdoa.
A autenticidade deste livro tem sido bem comprovada. Está em conformidade com o restante das Escrituras ao mostrar que o Senhor é um Deus misericordioso e amoroso, que perdoa o erro e não atenta para a transgressão. Desde os tempos mais primitivos, os judeus têm aceitado este livro como autêntico. Cerca de um século depois do tempo de Miqueias, suas palavras proferidas durante o reinado de Ezequias, a respeito da desolação de Jerusalém (Miq 3,12), foram citadas por certos anciãos de Judá, ao apresentarem um ponto em defesa do profeta Jeremias (Je 26,17-19). Séculos mais tarde, os principais sacerdotes e escribas dos judeus, à base da profecia de Miqueias (Miq 5,2), declararam confiantemente que o Cristo nasceria em Belém (Mt 2,3-6). O cumprimento das profecias a respeito de Samaria, de Jerusalém e do Messias, ou Cristo, marcam este livro como inspirado por Deus. É também digno de nota que as palavras de Jesus sobre os inimigos do homem serem pessoas da sua própria casa (Mt 10,21.35.36) são paralelas a Miqueias (Miq 7,6).
Mas, possivelmente, a passagem mais notável do livro é a definição clara e resumida daquilo que Deus exige do seu povo: "Ó homem, já foi explicado o que é bom e o que Javé exige de você: praticar o direito, amar a misericórdia, caminhar humildemente com o seu Deus" (Miq 6,8).
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