Chegamos, agora, ao menor livro do Antigo Testamento, Abdias – o quarto dos doze profetas menores. Seu nome significa “servo ou adorador de Jeová”.
Não se sabe muito sobre Abdias – ou Obadias, de acordo com algumas traduções. Sabe-se que profetizou pelos anos 550 a.C., provavelmente durante o período do exílio de Judá, quando ele alerta Edom sobre a vingança de Deus, que estava se aproximando, e assegura a Judá o contínuo cuidado do Senhor.
As relações entre Israel e Edom foram marcadas pela hostilidade através do período do Antigo Testamento. O rancor começou quando os dois irmãos gêmeos, Esaú e Jacó, desligaram-se por causa de disputa pelo direito de primogenitura (Gn 27, 32-33). Os descendentes de Esaú se estabeleceram numa área chamada Edom, situada ao sul do mar Morto, enquanto os descendentes de Jacó continuaram em direção à Terra Prometida, habitaram em Canaã e se tornaram o povo de Israel. Com o passar dos anos, numerosos conflitos se desenvolveram entre os edomitas e os israelitas. Ao longo do período de cerca de 20 anos (605-586 a.C.), os babilônios invadiram a terra de Israel e fizeram repetidos ataques a Jerusalém, a qual foi, finalmente, devastada em 586 a.C. Os edomitas viram essas incursões como uma oportunidade para extinguir sua sede contra Israel. Por isso, juntaram-se aos babilônios contra seus parentes e ajudaram a profanar a terra de Israel. Essa amarga rivalidade forma o fundo histórico da profecia de Abdias, narrada nos vinte e um versículos que compõem o seu “livro”, onde fala da solidariedade imprescindível entre os mais fracos diante de um opressor.
O livro é dividido em duas seções principais. A primeira (vv 1-14) é endereça a Edom e anuncia sua inevitável queda. A segunda seção principal da profecia reflete sobre o Dia do Senhor (vv 15-21), considerado pelo profeta como um tempo de retribuição, de colher o que se havia plantado: para Edom, este é um pronunciamento de perdição; mas para Judá, de proclamação de liberdade.
Essa conclusão de Abdias (v. 18) pode nos causar estranheza. De fato, concordamos que Edom não deveria guardar rancor de seu irmão nem tomar parte, com alegria selvagem, da destruição de Jerusalém; no entanto, não concordamos que Israel tire desforra. Outros escritos bíblicos nos ensinam que devemos esperar o perdão de nossos irmãos, mas também nós devemos perdoá-los.
#saosebastiaojau
• Leia outros textos