Oitavo livro profético da Bíblia Sagrada, o Livro de Joel fala de um tempo de domínio imperialista, de precariedade, de crise e, por isso, prega o arrependimento e a contrição.
O nome Joel significa "Javé é Deus". Na verdade, seu nome é uma proclamação de fé no Deus de Israel. O profeta traz consigo uma certeza de que fará diferença na crise em que ele e o povo estão envolvidos. Em meio à crise e ao desespero, Joel se posiciona bem no centro crítico como representante da presença de Deus para todos. Assim, por exemplo, em 2,7, repete o desafio do Salmo 42,4.11: "onde está o teu Deus?" (cf. Malaquias 2,17) e responde com as palavras que ele encontra especialmente na segunda parte de Isaías (cf. 45,3-6): "Vocês ficarão sabendo, então, que eu estou no meio de Israel. Eu sou Javé, o Deus de vocês, e não há outro" (Joel 2,27; cf. 4,17).
Joel é o profeta da penitência e seus apelos ao jejum e à oração – tomados das cerimônias do Templo ou redigidos segundo o modelo delas – entrarão naturalmente na liturgia cristã da Quaresma.
Nada sabemos do tempo em que viveu o profeta Joel. Por isso, torna-se difícil a interpretação do que ele escreveu. De qualquer forma, percebe-se uma divisão natural do livro em duas partes. Porém, não há razão para distinguir dois autores nem duas épocas de composição. A maioria dos estudiosos da Bíblia opta pelo período pós-exílico. O livro teria sido composto por volta do ano 400 a.C., por um único autor. Joel não é mencionado em nenhum outro lugar; o que sabemos dele é que foi um profeta da época após o exílio de Judá.
Na primeira parte do livro, uma invasão de gafanhotos, que assola Judá, provoca uma liturgia de luto e súplica; Javé responde prometendo o fim da praga e a volta da abundância (1,2 – 2,27). A segunda parte descreve, em estilo apocalíptico, o julgamento das nações e a vitória definitiva de Javé e de Israel (3 – 4). Pode parecer que a primeira parte não tem nada a ver com a segunda. Mas, uma expressão une o livro todo: o Dia de Javé, isto é, o Juízo final.
Joel marca a transição do gênero profético para o apocalíptico, mas é essencialmente um livro profético. O profeta não só (de maneira tipicamente profética) interpretou a terrível praga como castigo do pecado, como também viu nela um símbolo do Dia de Javé.
Já que o Juízo final é o que perpassa o livro todo, o que na Primeira parte do livro (1-2) eram gafanhotos ou exército inimigo, na Segunda (3-4) se transforma em exército de Deus; a praga se torna apenas uma comparação para exemplificar o Grande Dia em que a humanidade prestará contas a Deus. Assim como afastou ele os gafanhotos, também a misericórdia de Deus, alcançada pela penitência e o jejum, transforma o julgamento em dia de libertação e salvação: arrasada a plantação, ela será nova e viçosa. Desse modo, uma praga de gafanhotos observada atentamente serviu para que Joel anunciasse o Juízo final.
Deste profeta, o trecho mais conhecido é 3,1-5. Esses versículos são citados no discurso que Pedro fez no dia de Pentecostes (cf. At 2,17-21). Por isso, Joel é também chamado o profeta de Pentecostes.
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