Sétimo dos dezoito livros proféticos da Bíblia, o livro de Oseias surge trazendo um Deus apaixonado por Seu povo, mostrando-se leitura de grande valor quando se trata de arrependimento e reconciliação.
Oseias, cujo nome significa "Deus salva", “salvação” ou “libertação”, exerceu seu ministério no Reino do Norte, Israel – poeticamente chamado por ele de "Efraim" – nos últimos anos de sua independência (Os 1,1). Seu ministério pode ser situado entre 745 a.C. e 725 a.C., no final do reinado de Jeroboão II (783-743 a.C.), depois de Amós ter sido expulso do Norte, pouco antes da tomada de Samaria pelos assírios (722 a.C.). Foi um período de muitos conflitos internos, ao mesmo tempo em que a profecia cresceu como voz dos espoliados.
Embora todas as indicações quanto ao sucesso exterior parecessem positivas a Israel, um desastre vindo por baixo estava se aproximando. O povo desse período regozijava-se na paz, abundância e prosperidade; mas a anarquia estava preparando-se e ela traria o colapso político da nação em alguns curtos anos. Oseias descreve as condições sociais características de seu tempo: líderes corruptos, vida familiar instável, imoralidade generalizada, ódio entre classes e pobreza.
Como, então, levar a mensagem de um Deus de amor a um povo que não estava inclinado a dar ouvidos e, provavelmente, não entender, se ouvisse? A solução de Deus era deixar o profeta ser seu próprio sermão.
O Livro de Oseias, talvez mais do que qualquer outro do Velho Testamento, expõe o coração de Deus. Oseias vive no próprio casamento o que Deus estava passando em relação a Israel. Os primeiros três capítulos descrevem a vida desse profeta. Ele se casa, mas a mulher dele se torna adúltera. Ele sofre com a infidelidade dela, mas ainda mostra misericórdia para tomá-la de volta. Assim Deus viu a Sua noiva, o povo de Israel, se envolvendo com "outros deuses", ou seja, cometendo adultério espiritual. Mesmo depois de tudo que Israel havia feito, Deus teria graça e misericórdia para Se reconciliar com essa esposa adúltera e estabelecer uma nova aliança com ela.
O Livro de Oseias teve ressonâncias profundas no Antigo Testamento e encontramos seu eco nos profetas seguintes, quando exortam a uma religião do coração, inspirada no amor de Deus. Também os escritores do Novo Testamento descrevem Oseias como o responsável por ensinar a vida e o ministério de Cristo.
Com uma audácia surpreendente e uma paixão que impressiona, a alma terna e violenta de Oseias exprimiu, pela primeira vez, as relações entre Javé e Israel nos termos de um matrimônio. Toda a sua mensagem tem por tema fundamental o amor de Deus desprezado por Seu povo. Com exceção de um curto tempo no deserto, Israel correspondeu aos carinhos de Javé somente com a traição. Oseias repreende, sobretudo, as classes dirigentes da sociedade, denunciando todo tipo de idolatria, que ele chama de prostituição. Tais "prostituições", segundo o profeta, não consistem somente em adorar imagens de ídolos, mas inclusive em fazer alianças políticas com potências estrangeiras que provocam dependência, exploração econômica e opressão (Os 7,8-12; 8,9-10). Javé deseja possuir sem partilha o coração dos seus fiéis: "É amor que eu quero e não sacrifício, conhecimento de Deus mais que holocaustos" (Os 6,6).
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