PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO - JAÚ

"Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: 'Tomai cuidado com os doutores da Lei!'."
Mc 12,38a (32 TC-Ano B)
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Formação Bíblica

33 Lamentações: a Calamidade sobre Jerusalém

Terceiro livro profético, o Livro das Lamentações contém um tema principal: os sofrimentos que recaíram sobre Jerusalém quando o rei Nabucodonosor capturou a cidade no ano de 586 a.C.

As Lamentações provavelmente foram escritas na Palestina depois dessa queda de Jerusalém. Uma tradição atribui sua autoria ao profeta Jeremias; porém, quase todos os críticos modernos concordam em afirmar que a linguagem e as concepções do livro são diferentes demais das de Jeremias para permitirem essa atribuição tradicional. Sendo assim, o autor é desconhecido – e é quase certo que seja sobrevivente da catástrofe de Sião (Jerusalém).

O livro é constituído de cinco capítulos, onde estão reunidas composições poéticas como cantos fúnebres, lamentações individuais e coletivas, descrevendo a destruição de Jerusalém pelos babilônicos e os acontecimentos que se sucederam a essa catástrofe nacional: fome, sede, matanças, incêndios, saques e exílio forçado (cf. 2Rs 24-25). Para comunicar sua mensagem, Lamentações faz uso do seguinte esquema: Capítulos 1 e 2 falam da dor coletiva; Capítulo 3 fala da dor individual; Capítulos 4 e 5 falam da dor coletiva.

Nessa época, os exércitos babilônicos surgem pela segunda vez na Palestina. Novamente sitiam Jerusalém e, depois de um ano e meio, conquistam-na e a destroem. A cidade foi arrasada e o Templo de Salomão foi queimado de alto a baixo. Houve saques e destruição e tudo o que era considerado de valor foi arrastado. Os altos funcionários e os líderes dos sacerdotes foram levados para que fossem executados (2Rs 25,18-21).

Ao cercar Jerusalém com seu exército, Nabucodonosor dava início a uma situação de dor sem precedentes na história do povo de Deus. Afinal, a tragédia levava embora todos os pontos de referência que davam identidade ao povo: terra, rei e templo; e, ao mesmo tempo, levava o povo a mergulhar numa situação de completa perda de direção histórico-religiosa e existencial.

Apesar de os poemas não serem rigorosamente profecias, eles herdaram o ensinamento profético, aplicando-o à crise de 587, que foi uma crise de fé. A destruição de Judá não mostrou que Iahweh fosse tão fraco que não pudesse salvá-la ou que tivesse abandonado seu povo. Pelo contrário, o fracasso e o infortúnio foram obras de suas próprias mãos (1,15; 2,1-8.17.20; 3,1-18.43-45; 4,11), e Ele agiu assim com o Seu povo por causa dos seus pecados (1,5.8.14.18; 3,40-42; 4,6.13; 5,7.16). Somente pela confissão da culpa e pela confiança na misericórdia e no perdão de Iahweh é que Israel poderá sobreviver como um povo e com uma fé, depois de haver perdido sua existência nacional independente.

Os textos retratam a angústia de um povo humilhado, que faz exame de consciência e suplica perdão. Mostram o povo em situação desesperada, tendo perdido tudo, menos a fé. “Mas existe alguma coisa que eu lembro e me dá esperança: o amor de Javé não acaba jamais e sua compaixão não tem fim. Pelo contrário, renovam-se a cada manhã: ‘Como é grande a tua fidelidade!’ Digo a mim mesmo: ‘Javé é minha herança’, por isso nele espero” (3, 21-24).

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