PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO - JAÚ

"Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: 'Tomai cuidado com os doutores da Lei!'."
Mc 12,38a (32 TC-Ano B)
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Formação Bíblica

32 Jeremias: “O Profeta Que Nunca Sorria”

Em nossa caminhada pela Sagrada Escritura, chegamos ao segundo dos Profetas Maiores, Jeremias.

Filho de Helcias e descendente de uma família de sacerdotes, aparentemente, nunca atuou como tal no templo. Nasceu em 650 a.C. em Anandote, um povoado a nordeste de Jerusalém, e morreu no Egito, em 580 a.C.

O seu chamado para profetizar é datado de 626 a.C., quando ainda era jovem, e o seu ministério continuou até pouco tempo depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C. Tentou evitar essa tarefa, mas foi incapaz de permanecer calado. Profetizou em sua cidade natal, em Jerusalém – durante os reinados de Josias, Jeoaquim, Jeconias e Zedequias – e, mais tarde, nas colônias judaicas da dispersão, no Egito. Jeremias viu a insensatez da linha de ação política desses reis e alertou-os sobre os planos de Deus para Judá, mas nenhum deles deu atenção à advertência.

Traidor, colaboracionista, ave de mau agouro... Por toda a sua vida, Jeremias viu-se sendo taxado com esse tipo de adjetivos. Isso se deveu, em parte, pela mensagem de ruína proclamada por ele, uma mensagem contrária à esperança do povo e que incluía uma sugestão de rendição aos babilônios. É que, nessa época, Nabucodonosor II, de quem tanto se fala no Velho Testamento, era rei da Babilônia. Esse soberano tomou Jerusalém em 587 a.C. e destruiu a cidade. Aprisionou os judeus e os enviou à Babilônia. Jeremias previu a invasão dos babilônios. Aos 53 anos, viu a primeira invasão e, dez anos mais tarde, viu a queda de Jerusalém e a destruição do templo.

Apesar dessa mensagem de ruína, da sua severa repreensão aos líderes e do desprezo pela idolatria, o seu coração doía pelo povo, pois sabia que a salvação de Israel não está dissociada da fé em Deus e de um relacionamento de aliança correto, expresso pela obediência.

O livro consiste, principalmente, de uma breve introdução (1,1-3), uma coleção de oráculos contra Judá e Jerusalém, que Jeremias ditou ao seu escriba Baruc (1,4-20,18), oráculos contra nações estrangeiras (25,15-38; capítulos 46-51), acontecimentos sobre Jeremias escritos em terceira pessoa - provavelmente por Baruc - (capítulos 26-45), e um apêndice histórico (capítulo 52), que é quase idêntico a 2Rs 24-25. As profecias do livro não estão em ordem cronológica.

Diversas passagens de Jeremias são aludidas por Jesus em seu ensino: “é, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos?” (7,11; Mt 21,13); “que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvido e não ouvis” (5,21; Mc 8,18); “achareis descanso para a vossa alma” (6,16; Mt 11,19); “ovelhas perdidas formam o meu povo” (5,.6; Mt 10,6).

Na realidade, a figura de Jeremias seja talvez a mais dramática de todo o Antigo Testamento, o modelo das contradições e dos sofrimentos de Israel. Através de sua ação e atitude, Jeremias retrata um estilo de vida similar ao de Cristo. Escarnecido, sempre desacreditado, foi aprisionado, flagelado e condenado à morte. “Um cordeiro manso que é levado ao matadouro”, quase uma antecipação do Crucificado. Mas, depois do exílio, há a volta, depois da morte na cruz, a ressurreição.

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