Dando continuidade a nossa caminhada pelos livros bíblicos, chegamos, agora, aos Livros Proféticos.
O profetismo é um movimento que vem desde a Antiguidade. As grandes religiões dessa época já tinham pessoas inspiradas (profetas) que pretendiam falar em nome de Deus. E Israel também tem o seu movimento profético que surge, evolui e torna-se um dos mais importantes fatores da história do povo escolhido.
O termo "profeta" vem da língua grega e pode significar: o “falar diante de” ou “em lugar de”; “falar em favor de”; ou “falar antes de”, ou “predizer”. É, portanto, alguém que fala diante, em favor ou antes de alguém (Deus). O profeta, enfim, é uma pessoa que teve um encontro pessoal e extraordinário com Deus e se sente impelida a falar o que – ela está convencida – é a palavra divina. É um místico, que fala a partir da realidade vivida no meio do povo. Na realidade, deve-se enxergar o profeta como aquele que anuncia a vontade de Deus e denuncia a injustiça.
Durante muito tempo, os profetas foram os orientadores do povo de Deus. Olhando o Antigo Testamento, vemos o profeta interpretando sonhos (Dt 13,2.4), consultando a Deus (1Sm 28,6. 15) e ganhando a vida com as suas profecias (Am 7,12). Em outros textos, ele aparece como uma pessoa importante, como Samuel (1Sm 3,20), chamado para guiar o povo como Moisés (Dt 18,15-18). Havia também profetizas em Israel: Miriam (Ex 15,20), Débora (Jz 4,4), a esposa de Isaías (Is 8,3), Noadias (Ne 6,14). E entre os profetas de Javé (1Rs 18,4), há aqueles que mais se destacam: Elias, Amós, Oséias, Miquéias, Isaías, Jeremias, entre outros.
Os livros proféticos – em número de 18 – resumem os seus ensinamentos e, na sua maioria, foram escritos mais tarde – por volta do ano 200 a.C. –, por seus seguidores. A partir de Samuel (séc. XI a.C.) até Malaquias (séc. V a.C.), a série dos profetas foi ininterrupta. Não é possível se saber com exatidão a época em que cada um deles atuou, mas sabemos que agiram do século VIII ao século III a.C. e fornecem dados importantes da história de Israel e dos povos vizinhos.
A literatura profética pode ser dividida de várias maneiras. A mais tradicional e comum, entre os cristãos, é a divisão em “Profetas Maiores” e “Profetas Menores”, segundo a sua extensão e a importância que foi atribuída a cada um deles.
Assim, temos:
Isaías, Jeremias e Ezequiel são identificáveis como três figuras históricas de profetas dos séculos VIII, VII e VI, respectivamente, com notórias e decisivas intervenções na cena histórica, especialmente os dois primeiros.
Daniel aparece na tradição da Bíblia grega entre os “Profetas Maiores”; mas na Bíblia Hebraica é classificado entre os “Escritos”, dando a entender que é visto como um gênero de literatura diferente da dos profetas. E é realmente diferente, apesar de ter muitos pontos de convergência.
Os “Profetas Menores” nos deixaram escritos pequenos, que já no século II a.C. eram colecionados em um só volume (rolo).
Alguns se apresentam como figuras historicamente mais definidas, como Oseias, Amós, Miqueias, Ageu e Zacarias. De outros – como Joel, Abdias, Naum, Habacuc, Sofonias e Malaquias – pouco se sabe ao certo, podendo mesmo acontecer que alguns sejam apenas nomes simbólicos da própria obra literária ou da respectiva mensagem.
Jonas também aparece na Bíblia grega entre os “Profetas Menores”; mas, na Bíblia hebraica, faz parte dos “Escritos”. De fato, além da narração contida no livro, historicamente nada mais se sabe acerca da personagem de quem recebe o nome.
Vale observar que o Livro de Baruc, que consta na Septuaginta e nas Bíblias adotadas pela Igreja Católica e pelas Igrejas Ortodoxas, próximo ao Livro de Jeremias e, é Deuterocanônico, ou seja, não consta na Bíblia hebraica e não é aceito pelas Igrejas que adotam a Bíblia proposta por Lutero.
Enfim, os livros proféticos mostram-nos homens de profunda fé e vigorosos em Deus, procurando sempre levar o seu povo a um relacionamento renovado e responsável com o Senhor que julga e salva. E não é exatamente isso o que todos devemos fazer como batizados?
#saosebastiaojau
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