PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO - JAÚ

"Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: 'Tomai cuidado com os doutores da Lei!'."
Mc 12,38a (32 TC-Ano B)
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Formação Bíblica

28 Sabedoria: Virtude Divina Personificada

Sexto livro sapiencial – ou didático – do Antigo Testamento, o Livro da Sabedoria é também o quinto livro a fazer parte dos deuterocanônicos, isto é, livros sagrados, a princípio não reconhecidos como inspirados por Deus e não presentes nas bíblias não católicas. Embora o livro seja uma espécie de prosopopeia – típica nas antigas literaturas –, esse artifício humano nada tira à autoridade divina do livro, isto é, à sua inspiração, que é assegurada não só pelo Magistério da Igreja, mas também pelo uso que dele fizeram os autores do Novo Testamento, os quais, se não o citaram nominalmente, apropriaram-se de pensamentos e construções que lhe são próprios. Confrontem-se, por exemplo, principalmente, Sab 12,12-22, com Rom 9,19-23; Sab 9,15 com 2Cor 5,4; Sab 3,5-6 com 1Pdr 1,6-7; Sab 7,25-26 com Hebr 1,3; Sab 7 em geral com Jo 1.

Ele tem esse nome porque se trata de um louvor à sabedoria divina. Nele, a Sabedoria é apresentada tal como ela é em Deus, envolvida num atributo divino personificado: é uma pessoa que pensa, que fala e que age. É ela quem criou o mundo e que, como conselheira de Deus, dirige, providencialmente, o universo inteiro.

Embora sua autoria seja atribuída por alguns estudiosos a Salomão, o livro, provavelmente, foi escrito – todo em grego – por um sábio de Israel vivendo no Egito. A cidade egípcia de Alexandria, nos últimos séculos antes da era cristã, era um importante centro político e cultural grego, e contava com cerca de 200.000 judeus entre seus habitantes. Estes, por um lado, estavam sujeitos à cultura grega, com sua filosofia, costumes e cultos religiosos; e por outro, à hostilidade dos pagãos e, às vezes, perseguição aberta. Isso constituía uma ameaça constante à fé e à cultura do povo judaico daquela região. Para não serem marginalizados da sociedade, muitos deixavam os costumes e até mesmo sua crença, perdendo a própria identidade para se conformar a uma sociedade idólatra e injusta.

Por esse motivo, o autor, profundamente alimentado pelas Escrituras e pela consciência histórica de seu povo, enfrenta a situação escrevendo um livro que procura de todos os modos reforçar a fé e ativar a esperança, relembrando o patrimônio histórico-religioso dos antepassados. Ensina a verdadeira sabedoria que conduz a uma vida justa e à felicidade, mostrando que tal virtude vem de Deus.

O livro pode ter sido escrito na segunda metade do século I antes da nossa era – provavelmente entre os anos 100 e 50 a.C.: é o mais recente dos livros do Antigo Testamento. E está dividido em três partes:

  • Primeira parte: mostra o papel da Sabedoria no destino do homem e compara a sorte dos justos e a dos ímpios durante a vida e após a morte (capítulos 1-5).
  • Segunda Parte: expõe a origem e a natureza da sabedoria e os meios de adquiri-la (capítulos 6-9).
  • Terceira Parte: exalta a ação da sabedoria e de Deus na história do povo eleito, na libertação do Egito; faz uma severa crítica à idolatria (capítulos 10-19).

Esse livro do Antigo Testamento contém as primeiras revelações sobre imortalidade da alma e seu destino eterno, estabelecendo, portanto, uma digna transição entre a antiga Aliança e a plena revelação evangélica.

O que fica dele é que a Sabedoria não é apenas um fruto do esforço do homem, mas é, em primeiro lugar, um Dom que Deus concede gratuitamente aos seus aliados.

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