O livro de Jó é um livro poético narrado em forma de prosa. Não é um livro de história, mas sim de sabedoria, em que se reflete sobre problemas profundos e globais, como o sentido da vida, a justiça, a vida social, o mal... Recebe esse nome porque Jó é a personagem principal do drama narrado.
É uma meditação de um sábio sobre um conto popular. Esse velho conto é a história de um homem piedoso e paciente chamado Jó, que, atingido pelo sofrimento e incompreensão dos amigos, recusa-se a aceitar o deus caricatura – espião e castigador – que estes lhe queriam impor. Jó é fiel a Deus e, no fim, é recompensado. É o final feliz que todos gostaríamos de ter.
O autor é desconhecido e o livro, provavelmente, foi redigido, em sua maior parte, durante o exílio na Babilônia, no século VI a.C. Como Jó, o povo de Judá, nessa época, tinha perdido tudo: família, propriedades, instituições e a própria liberdade. Por isso, o livro reflete sobre a doutrina que os antigos judeus ensinavam, a doutrina da retribuição: Deus retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Será que esse ensinamento é verdadeiro?
A justiça divina nem sempre age em conformidade com os conceitos do homem. Está acima deles. Deus é amor. Ele não faz a contabilidade de tudo o que fazemos de bom ou mau para nos dar em troca. Deus nos ama e nos dá tudo na gratuidade. Deus permanece sempre defensor e amigo, o que nos leva a concluir que o homem deve submeter-se a Deus com confiança e persistir na fé, ainda que seu espírito não encontre sossego.
A confissão final de Jó – “Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, meus olhos te veem" (42,5) – é o ponto de chegada de todo o livro, transformando a vida do pobre em lugar da manifestação e experiência de Deus. A partir disso, podemos dizer que o livro de Jó é a proclamação de que somente o pobre é apto a fazer tal experiência e, por isso, é capaz de anunciar a presença e ação de Deus dentro da História.
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