Do tempo de Esdras (400 a.C.) até os Macabeus (175 a.C.), há um período de cerca de 225 anos dos quais a Bíblia nada fala. Parece terem sido tempos de paz, embora Israel ainda vivesse sob o jugo de Alexandre Magno e, depois, dos sírios.
Na Bíblia Católica, há dois livros dedicados aos Macabeus: Primeiro e Segundo Livro dos Macabeus. Tais livros não faziam parte do Cânon das Escrituras dos judeus. Por isso, foram rejeitados durante muito tempo – e ainda o são pelos não católicos. Mas foram citados e estimados pelos Padres e aparecem nas listas canônicas desde o fim do século IV, embora só tenham sido aceitos oficialmente no Cânon da Sagrada Escritura no Concílio de Trento (1545-1563). São os únicos a informar sobre a história do povo eleito na época helenística.
A origem do nome dos livros não é unanimidade. Alguns dizem que provém do apelido ou sobrenome do terceiro filho de Matatias, Judas Macabeu (1 Mac. 2,2), homem famoso e principal herói da história narrada. Outros dizem que Macabeu corresponde ao termo hebraico Mak’ôbin, que significa tribulação, perseguição, martírio. Um terceiro grupo diz que o nome Macabeu procede do termo aramaico maqqabá, que significa martelo – Judas seria o martelo do povo a bater contra o perseguidor Antíoco IV. Finalmente, há os que dizem que a palavra Macabeu é um acróstico formado pelas iniciais das palavras hebraicas "Mi kamocha ba'elim Adonai", que quer dizer "Quem entre os poderosos é como Tu, ó Deus?".
Ambos os livros nos foram transmitidos em grego, língua original do segundo, o qual seria um resumo de uma obra de cinco volumes, escrita por Jasão de Cirene. O primeiro foi escrito em hebraico no início do séc. I a.C., mas o original se perdeu.
Os livros dos Macabeus contam a história do povo judeu no tempo da opressão dos sírios, especialmente pelo rei Antíoco IV Epífanes (175 -163), que queria obrigar o povo a praticar as leis pagãs e rejeitar a lei de Deus. Contra isso, levantou-se Matatias, um sacerdote, tornando-se chefe de guerrilha e guerra contra os sírios, com os seus filhos João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas. A revolta dos Macabeus surgiu por essa causa e vai aproximadamente de 175 a 163 AC, já no limiar da chegada de Jesus.
O Primeiro Livro narra a história da revolta dos Macabeus até o estabelecimento de dinastia dos Asmoneus (nome dado à família dos macabeus).
O Segundo Livro não é continuação do primeiro; trata da mesma história mas não de toda ela. Abrange o período de 176 a.C. até a vitória de Judas Macabeu sobre Nicanor, em 160 a.C.
Mas por que, então, retomar uma história já conhecida? Possivelmente o autor tenha querido reler os mesmos fatos para mostrar que a luta em defesa do povo se enraíza na atitude de fé, que confia plenamente no auxílio de Deus.
Assim, embora os dois livros relatem mais ou menos a mesma história, cada um deles tem a sua óptica própria. I Macabeus procura colocar os fatos numa perspectiva mais patriótica e nacionalista, enquanto II Macabeus sublinha mais o poder divino e a retribuição no Além. “Iam de armas em punho e com um aliado vindo do céu, pois o Senhor se havia compadecido deles” (II Mac 11, 10).
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