Os livros 1 e 2 Samuel (1-2 Sm) e 1 e 2 Reis (1-2 Rs) constituem uma unidade, como aparece ainda na tradição grega (Septuaginta) e outras traduções antigas, as quais numeram esses livros como 1-4 Reis. Além disso, no texto hebraico, 1 e 2 Reis aparecem como um só livro. A divisão pode ter sido feita para conveniência dos leitores gregos.
Provavelmente os livros dos Reis começaram a se formar no tempo dos reis Ezequias e Josias, quando Judá se torna Estado desenvolvido. Eles abrangem os acontecimentos de Israel desde o declínio de Davi até Sedecias, último rei de Judá. São mais ou menos 400 anos de história, que vai por volta de 970 até 560 AC. A redação final foi feita durante o cativeiro na Babilônia.
Os livros procuram fazer uma reflexão crítica sobre a história do povo de Israel e dos reis que o governaram, tanto os do Norte (Israel) como os do Sul (Judá), dando aspectos mais positivos para os do Sul e mais negativos para os do Norte. Davi é o protótipo para os reis de Judá, tido como justo e temente a Deus; enquanto Jeroboão I, primeiro rei de Israel, é o protótipo de rei pecador, porque oficializou os santuários de Betel e Dã, concorrentes do templo de Jerusalém.
O templo e o profetismo exercem papel importante nessa história do povo. O templo é o lugar da reunião de todo o povo para o encontro com Deus. Assim, tão importantes quanto os reis são os profetas, e os relatos que dizem respeito a eles são memórias conservadas por seus discípulos. Os profetas mantêm viva a consciência do povo, cobram fidelidade à aliança e são críticos do poder. 1 e 2 Reis contêm numerosas narrativas proféticas, principalmente sobre Elias e Eliseu. Por meio dos profetas, Deus confrontou continuamente o povo errante para chamá-lo de volta à fidelidade à aliança.
Para os autores desses livros, a desobediência dos sucessores de Davi foi a causa direta tanto do cisma entre os reinos de Israel e de Judá (1Rs 11,9-11), como da ruína deste último (cf. 2Rs 23,26s).
Podemos dividir os livros dos Reis em três partes:
Enfim, os livros dos Reis terminam com uma mensagem de esperança: o último descendente da dinastia davídica, apesar de deportado para a Caldeia, vê sua situação transformar-se. O rei de Babilônia manda-o "trocar suas vestes de prisioneiro" e concede-lhe a graça de comer todos os dias à mesa real.
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