Último livro do Pentateuco, o Deuteronômio foca novamente as leis do povo judeu com mais atenção: trata-se de um código de leis civis e religiosas enquadrado num grande discurso de Moisés.
A palavra deuteronômio equivale a “segunda lei”, em grego. Isso porque – além de tratar-se de uma reapresentação e adaptação da Lei em vista da vida de Israel na Terra Prometida –, na Bíblia, ele está localizado depois dos outros dois livros que abordam as leis, Levítico e Números.
Era costume do povo de Israel atribuir a autoria de leis – e livros – a alguém respeitado para que elas fossem acatadas. Assim, embora Moisés tenha sido considerado seu autor, quem escreveu o Deuteronômio foram sacerdotes – que se deslocam de lugar para lugar a fim de ouvir as pessoas – e profetas. Esse livro nasceu muito tempo depois da situação histórica que nele encontramos e passou por um longo período de formação.
A ideia central do Deuteronômio é que a sorte de Israel depende de sua relação com Javé: sendo fiel à Aliança com Deus, viverá feliz e próspero na Terra; sendo infiel, terá a desgraça e acabará perdendo a terra. “Portanto, reconheça hoje e medite em seu coração: Javé é o único Deus, tanto no alto do céu, como aqui em baixo, na terra. Não existe outro” (Dt 4, 39).
Entretanto, mais do que isso, o livro mostra o primeiro esforço que se fez no mundo para criar uma sociedade solidária e fraterna. Na realidade, o que se tem é uma catequese, explicando as grandes leis do amor de Deus, o que significa viver esse amor em todas as circunstâncias da vida pessoal, social, política e religiosa. É interessante observar Deus sendo colocado como um Pai (Dt 1, 31) e os membros do povo sendo chamados entre si de irmãos.
A vocação do povo de Deus é a fraternidade e a partilha. E o livro do Deuteronômio coloca-se, sobretudo, como um modelo de ação pastoral e social. “Quando no seu meio houver um pobre, mesmo que seja um só de seus irmãos, numa só de suas cidades, na terra que Javé seu Deus dará a você, não endureça o coração, nem feche a mão para esse irmão pobre. Pelo contrário, abra a mão e empreste o que está faltando para ele, na medida que o necessitar” (Dt 15, 7-8).
#saosebastiaojau
• Leia outros textos