Já vimos dois elementos essenciais na Vida Eucarística: A Celebração (como alimento, como Reconciliação e como Transformação) e a Contemplação. Hoje vamos tratar da Eucaristia como Comunhão (com os que sofrem). É importante celebrar a Eucaristia, adorar Jesus na Eucaristia, mas se não fizermos justiça, colaboração, nossa Eucaristia será incompleta. Jesus, na Eucaristia, nos alimenta, nos reconcilia, nos transforma e nos faz comunhão. Nós devemos fazer tudo isto também, uns pelos outros.
Partilharemos a vida de duas pessoas que integraram com sucesso em suas vidas as três dimensões da Eucaristia: Celebração, Contemplação e Comunhão.
Primeiro exemplo: Padre Arrupe - jesuíta. Nasceu no início do século passado, na Espanha e se formou em medicina. No final de seus estudos, presenciou um milagre no Santuário de Lourdes. Terminou o curso mas não clinicou, foi ser jesuíta e como tal foi enviado para o Japão. Lá, apesar das dificuldades, aprendeu a falar japonês fluentemente, conseguiu pôr em prática os ensinamentos de Thomas Merton: “Você sabe que está crescendo na vida espiritual quando você é capaz de acolher pessoas que são diferentes de você”. Os japoneses eram muito diferentes do Pe. Pedro Arrupe.
Nesse período, aconteceu a Segunda Guerra Mundial e Pe. Pedro foi preso como espião. Na prisão, ele teve uma forte experiência de Deus. Ele sabia que seria libertado e o foi, seis anos depois. Passou, então, a ser Mestre de noviços na região de Nagasaki, quando explodiu a bomba atômica. Pe. Pedro, que tinha se formado médico, transformou então seu noviciado num hospital e passou a cuidar de muitos doentes até a morte. Essa experiência mudou a vida do Padre Pedro Arrupe. Ele passou a dedicar-se a “construir um mundo de justiça e de paz”!
Padre Arrupe foi, depois, eleito Geral dos Jesuítas, indo morar em Roma e, lá, passou para seus companheiros: “cada um de vocês deve incorporar no seu ministério um compromisso de justiça e de paz”. Pedro Arrupe ensinou isso o tempo todo no mundo todo.
Certa vez, perguntaram a ele durante uma entrevista: “Onde o senhor encontrou coragem para convocar os seus colegas para um compromisso de justiça e paz, onde o senhor encontrou forças para isto”? Ele respondeu: “Na Celebração da Eucaristia, na Contemplação da Eucaristia e na Comunhão com os que sofrem”.
Segundo exemplo: Madre Teresa de Calcutá. Nasceu na Albânia, entrou para a vida religiosa e foi enviada para a Índia, onde foi trabalhar com os ricos, ensinando numa escola da aristocracia da Índia.
Um dia, no caminho do convento para a escola, viu um homem praticamente nu morrendo na calçada. No caminho de volta, viu que ele ainda estava lá. Abaixou, tomou-o nos braços e levou-o para o convento, para cuidar dele até ele morrer. Fez uma experiência do amor de Deus em sua vida. Praticou o “acolher os que são diferentes de nós”! Outras mulheres, vendo o que Madre Teresa fazia, juntaram-se a ela e deram seu tempo de trabalho aos necessitados do mundo todo.
Aos que perguntavam a Madre Teresa da sua felicidade em ajudar milhares de pessoas, ela respondia: “eu não ajudo milhares de pessoas e sim uma pessoa, depois outra pessoa, depois outra pessoa, etc, pois cada pessoa tem a sua dignidade. Cada pessoa é um tabernáculo de Deus. Cada pessoa é um tabernáculo para a presença de Jesus Cristo!
Dizia: “Há dois lugares onde eu tenho certeza de encontrar Deus: primeiro, na Eucaristia! Segundo, no pobre que está morrendo. É o mesmo Deus nos dois lugares!”
Abraçar aqueles que são diferentes de nós mesmos. Esse é o início da conversão por justiça e paz.
Podemos, assim, elevar padre Pedro Arrupe e Madre Teresa a Santos Eucarísticos Contemporâneos.
Colaboração: Dr. José Roberto Polônio
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