PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO - JAÚ

"Jesus dizia, no seu ensinamento a uma grande multidão: 'Tomai cuidado com os doutores da Lei!'."
Mc 12,38a (32 TC-Ano B)
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Estudos e Homilias

Indulgências

Provavelmente todos nós já ouvimos falar em indulgências. No entanto, nem sempre entendemos o significado e, consequentemente, o grande benefício que elas nos trazem. Temos uma imensa riqueza e nem sempre aproveitamos!

Por definição, indulgência é a remissão diante de Deus da pena devida aos pecados, cuja culpa já foi perdoada. Cada vez que alguém se arrepende e se confessa, é perdoada a culpa dos pecados cometidos, mas não a pena. Por exemplo, se alguém mata uma pessoa e se arrepende, depois pede perdão e procura o sacramento da Penitência, receberá o perdão. Contudo, como apagar o mal cometido que tirou a vida de alguém? Por isso permanece uma pena após o perdão. Essa situação pode ter um indulto, uma indulgência, que a Igreja oferece em certas condições especiais e quando o fiel está bem disposto a buscar a santidade de vida, aproximando-se cada vez mais de Deus. A Igreja pode oferecer a indulgência pelos méritos de Cristo, de Maria e dos santos que sempre participam da obra da salvação. Sobre isso, escreveu o Papa Francisco: “No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanecem. A misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela se torna indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado” (Misericordiae Vultus, 22).

Padre Paulo Ricardo define a indulgência de forma clara: “Para que as pessoas entendam o que é indulgência, é necessário entender antes o que é pena temporal. Quando vamos nos confessar, o sacerdote perdoa a pena eterna. Por causa dos nossos pecados, nós merecemos o inferno; então, o sacerdote perdoa os nossos pecados e, com isso, nós seremos salvos. Mas, ao mesmo tempo, o pecado tornou o nosso coração pior: nosso coração não está pronto para entrar no céu. Se eu me confessar e morrer imediatamente após a confissão, eu estou salvo, mas não estou santo, porque ainda não amo a Deus de todo o coração, de toda a alma e todo o entendimento. Então, a pessoa que morre nessa situação vai para o purgatório e, ali, purifica-se. A indulgência é a remissão desse ‘tempo’ do purgatório. A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório”.

Em resumo: o sacramento da Confissão nos torna salvos e nos livra do inferno (pena eterna); a indulgência nos torna santos e nos livra do purgatório (pena temporal).

Origem

No início do Cristianismo, quando as pessoas iam recorrer ao sacramento da Reconciliação, as coisas eram muito diferentes do que são hoje. Atualmente, nós vamos ao padre, ele nos dá o perdão dos pecados e passa uma penitência para cumprirmos depois da confissão. Naquela época, o fiel confessava os seus pecados, o padre passava a penitência e, então, a pessoa ficava cumprindo aquela penitência durante vários meses e, às vezes, longos anos para que, finalmente, fosse perdoada.

Acontece que, naquela época, havia a perseguição da Igreja e também havia vários mártires. Então, os cristãos que estavam aprisionados e condenados à morte pelos perseguidores do Império Romano, muitas vezes, escreviam cartas aos bispos dizendo: "Senhor Bispo, eu vou morrer e a minha morte será uma penitência. Use esta minha penitência para remir as penas, para perdoar a penitência de outra pessoa".

Eram mártires que se ofereciam para cumprir penitência no lugar daquelas pessoas. A origem da indulgência consiste nisso: sabermos que somos um só corpo. E sendo um só corpo enquanto Igreja, a penitência, o martírio de alguns, pode servir para compensar a penitência de outros. Na verdade, essa história de amor está na raiz do surgimento das indulgências.

Outra forma de se obter indulgência em tempos passados era o cristão viajar meses até a cidade de Jerusalém, na Palestina, ou até um Santuário dedicado a algum SANTO. Eles faziam essa penitência para pagar por pecados graves que tinham cometido. Com o correr do tempo, a Igreja abrandou e facilitou a penitência.

Podemos comparar a indulgência a um Banco, onde há um rico depósito de milhões. Essa riqueza são os méritos dos santos. A Igreja oferece esse tesouro a todos os cristãos, para pagar por seus pecados e dos falecidos. As condições para se ganhar a indulgência são sempre as mesmas: confissão dos pecados, comunhão, algumas orações (Credo, Pai-Nosso, Ave-Maria, oração pelo Papa). A confissão e comunhão podem ser as que se costuma fazer no mês.

Tipos e Como se Beneficiar

A indulgência pode ser parcial (absolvição parcial das penas temporais) ou plenária (absolvição plena, total das penas temporais).

Caso deseje, em vez de aplicar a si mesma, a pessoa tem a opção de aplicar a indulgência que adquirir a uma pessoa falecida – mas nunca em benefício de alguém vivo. Algumas indulgências só podem aplicar-se aos defuntos: por exemplo, rezando por eles num cemitério consegue-se uma indulgência parcial, que será plenária se essa oração for feita dos dias 1º a 8 de novembro (uma em cada dia).

Para que alguém seja capaz de adquirir as indulgências, requer-se que seja batizado, não esteja excomungado, esteja em estado de graça (isto é, num estado de amizade com Deus em que não apenas recebeu o perdão dos pecados, mas também está disposta a abandonar qualquer tipo de pecado, até mesmo o venial) pelo menos no final das obras prescritas e seja súdito do que tem autoridade para concedê-las (isto é, reconheça a autoridade e obedeça ao Sumo Pontífice e à Igreja Católica Apostólica Romana). Não compete a qualquer um estabelecer as condições da indulgência. Isso é atribuição da Igreja e do Papa. Ou seja, o fiel deve estar disposto a obedecer a determinadas condições mediante a intervenção da Igreja, a qual, como ministra da redenção, dispensa e aplica com autoridade o tesouro das expiações conquistadas por Cristo e pelos santos.

Indulgência Plenária

As indulgências plenárias têm um valor muito grande e, por isso, requerem várias condições e podem ser obtidas apenas uma por dia:

  • Cumprir os mesmos requisitos que nas indulgências parciais:

          - realizar a ação que a Igreja contempla com essa indulgência.

          - estar na graça de Deus antes de terminar a obra contemplada.

          - ter intenção, pelo menos geral, de ganhar a indulgência.

  • Ter a disposição interior de aversão total ao pecado, inclusive venial.
  • Confessar-se, pelo menos vinte dias antes ou depois de realizar a ação escolhida (sem esquecer que tem de se estar na graça de Deus antes de terminar a ação). Uma só confissão pode servir para ganhar várias indulgências plenárias.
  • Comungar, nesse mesmo período de tempo. É necessária uma comunhão para cada indulgência plenária.
  • Rezar pelas intenções do Papa um Pai-Nosso e uma Ave-Maria, ou outras orações que podem fazer-se também nesses períodos. É necessária uma oração para cada indulgência plenária.

Qualquer dia é bom para se obter uma indulgência plenária praticando-se as seguintes ações:

  • Adoração à Eucaristia durante meia hora.
  • Realização da Via Sacra percorrendo as catorze estações erigidas meditando na Paixão do Senhor.
  • Leitura da Paixão e Morte de Jesus Cristo, por 15 minutos (se não puder fazer a Via Sacra).
  • Recitação do Santo Rosário (pelo menos 5 mistérios seguidos) numa igreja, ou em família, ou acompanhado por outras pessoas.
  • Leitura ou audição da Sagrada Escritura durante meia hora.

Além disso, pode-se obter indulgências plenárias em circunstâncias especiais, tais como:

  • No momento da morte, a quem tiver rezado algo durante a sua vida (o que é muito consolador). Neste caso, não é necessária a confissão, nem a comunhão, nem a oração pelo Papa; mas é necessário manter as disposições necessárias: estar na graça de Deus, recusando qualquer pecado e ter desejado alguma vez ganhar essa indulgência.
  • Renovar as Promessas do Batismo, na data do próprio Batismo. Pode-se usar qualquer fórmula.
  • Visitar a igreja paroquial, no dia do Padroeiro.
  • Rezar um Pai-Nosso e um Credo num Santuário ou Basílica (concede-se uma vez por ano por santuário, que é uma igreja com muitos peregrinos, aprovada como tal pelo Bispo correspondente).
  • Receber a bênção papal Urbi et Orbi (no local ou via rádio ou televisão, desde que seja ao vivo).
  • Realizar exercícios espirituais de pelo menos três dias completos.
  • Assistir a uma Primeira Eucaristia.

Há também vários dias no ano em que se podem ganhar indulgência plenárias, com certas condições. Por exemplo:

  • 31 de dezembro: recitando solenemente um "Te Deum" numa igreja, dando graças a Deus pelos benefícios recebidos no ano que se finda.
  • 1º de janeiro: recitando solenemente o "Veni Creator" numa igreja.
  • Nas sextas-feiras da Quaresma: depois de comungar, rezando diante de um crucifixo a oração “Olhai-me, ó meu amado e bom Jesus”.
  • Nos ofícios da Semana Santa:

          - Quinta-feira Santa: recitando o "Tantum ergo" durante a exposição que se segue à Missa.

          - Sexta-feira Santa: assistindo às Cerimônias.

          - Sábado Santo: renovando as promessas batismais na Vigília Pascal.

  • Pentecostes: recitando solenemente o "Veni Creator" numa igreja.
  • Corpus Christi (Corpo de Deus): participando da procissão eucarística (dentro ou fora da igreja).
  • 2 de agosto (Indulgência Porciúncula ou o “Perdão de Assis”): rezando um Pai-Nosso e um Credo numa Catedral ou paróquia.
  • 2 de novembro (Dia de Finados): visitando um cemitério, visitando uma igreja e lá rezando um Credo e um Pai-Nosso.

Há, ainda, a possibilidade de se obter indulgências plenárias particulares. Muitas instituições gozam de indulgências em determinados dias do ano, coincidindo normalmente com datas ou santos próprios, como é o caso dos membros do Apostolado da Oração ou daqueles que usam o escapulário do Carmo se unindo à família carmelita.

Indulgência Parcial

As indulgências parciais proporcionam uma remissão da pena no mesmo valor que tem a ação praticada. Ou seja: nas indulgências parciais, a Igreja duplica o mérito dessas ações e várias delas podem ser obtidas todos os dias cumprindo-se apenas três condições: estar na graça de Deus, fazer o que a Igreja indica para ganhar essa indulgência e ter intenção de ganhar a indulgência. As três condições podem cumprir-se em vários dias, antes ou depois da execução da obra prescrita; convém, contudo, que tal comunhão e tal oração se pratiquem no próprio dia da obra prescrita. Além disso, é preciso que se elimine qualquer afeto ao pecado, ainda que seja venial.

Sendo assim, as pessoas doentes ou impossibilitadas de saírem de casa também podem lucrar a indulgência, onde estiverem, fazendo algum ato de piedade, algumas orações à sua escolha.

Pode-se obter indulgência parcial com as seguintes ações:

  • Rezar piedosamente algumas orações, tais como: o Angelus, o Magnificat, a Salve-Rainha, o “Lembrai-vos”, as Ladainhas ou outras orações marianas aprovadas. O mesmo em relação a São José ou ao próprio anjo da guarda. O mesmo acontece com o Credo.
  • Rezar pelo Papa, com devoção filial, uma oração aprovada.
  • Rezar, agradecido, a oração pelos benfeitores.
  • Rezar, antes e depois das refeições, uma oração aprovada de súplica e de ação de graças. Da mesma forma, ao começar e ao terminar o dia de trabalho.
  • Visitar o Santíssimo Sacramento, adorando-o; rezar uma comunhão espiritual; recitar uma das orações aprovadas de ação de graças depois da comunhão (por exemplo: “Alma de Cristo”, “Olhai-me, ó meu amado e bom Jesus”).
  • Fazer exame de consciência com o propósito de emendar-se; rezar o “Confesso a Deus” ou outro ato de contrição aprovado.
  • Fazer o sinal da cruz dizendo “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
  • Dizer mentalmente uma oração breve ao trabalhar ou ao suportar os sofrimentos da vida.
  • Dedicar-se pessoalmente ou gastar bens ao serviço dos outros por amor a Deus.
  • Privar-se livremente de algo grato e correto, com espírito de penitência.
  • Dar testemunho da própria fé: trabalhar no ensino ou transmissão da doutrina cristã.
  • Usar com devoção um objeto de piedade abençoado (crucifixo, terço, escapulário ou medalha).
  • Dedicar um tempo à oração.
  • Assistir devotamente a qualquer pregação da Palavra de Deus.
  • Assistir piedosamente a uma novena pública (por exemplo: Novena da Imaculada).

Além disso, quando falta algum requisito a uma indulgência plenária, costuma-se ganhar uma indulgência parcial.

Aprofundamento

A Igreja, sobretudo no Catecismo da Igreja Católica, orienta os fiéis sobre o dom da indulgência, conforme os parágrafos 1471 a 1479, 1498, 1032.

Além disso, há muitos sites onde se pode pesquisar sobre isso na Internet.

Então, vamos aproveitar essas oportunidades e divulgar entre nossos familiares e amigos. Afinal, as indulgências são uma bela oportunidade que Cristo nos oferece através da Igreja! Não desprezemos a graça de Deus!

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