PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO - JAÚ

"Na verdade, este homem era o Filho de Deus!"
Mc 15,39b (Ramos-Ano B)
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Estudos e Homilias

Homilia do Encerramento da Semana da Família - Festa da Assunção de Nossa Senhora – Ano A - 17/08/14

Primeira Leitura: Ap 11,19a;12,1.3-6ab

Salmo Responsório: Sl 44

Segunda Leitura: 1Cor 15,20-27a

Evangelho: Lc 1,39-56

 

Irmãos, desde o dia 09 de agosto, estamos celebrando a Semana Nacional da Família, com o tema “A espiritualidade cristã da família: um casamento que dá certo”.

Espiritualidade vem do latim, spiritus, e significa o conjunto de atitudes, crenças e práticas que fazem parte da vida das pessoas e as ajuda a alcançar realidades mais sensíveis e a ter um relacionamento com o Transcendente, no nosso caso, com Deus, consigo mesmo, com o outro e com o mundo. Está presente em todas as religiões. Ou seja, as pessoas podem ter espiritualidade, mesmo sem estarem ligadas a nenhuma igreja ou religião.

Mas, falando de espiritualidade que “liga” as pessoas à religião, podemos dizer que é a dimensão da pessoa humana que traduz o modo de viver característico daquele que acredita e busca alcançar a plenitude da sua relação com Deus, com as pessoas que a cercam, com a natureza e com a sociedade em que vive.

Um dos temas tocados ao longo da semana foi “religiosidade e piedade popular no exercício da espiritualidade cristã”. É bom destacar que religiosidade e espiritualidade são realidades bem diferentes e distintas. A religiosidade é o esmero e o fervor em cumprir com as obrigações de uma religião, ou seja, está mais relacionada ao conjunto das crenças naquilo que é divino, sagrado e ao exercício de algumas atividades relacionadas a essas crenças. Algumas pessoas podem levar a religiosidade ao extremo, chegando até ao fanatismo religioso, não aceitando outras crenças que não a sua, tornando-se intransigentes e intolerantes para com aqueles que não professam nenhuma religião ou que não têm fé.

Enfim, não é fácil saber se realmente possuímos espiritualidade. Crer em Deus, ir à Missa todos os domingos, comungas, confessar, rezar terços ou ser radical na vivência e propostas de movimentos (carismáticos, focolares, entre outros)… Ser espiritual ou possuir espiritualidade é quando professamos, vivemos e praticamos a interioridade da fé, ou seja, como praticamos o que cremos. O que dissemos anteriormente em relação a confessar, ir à Missa e outros, tudo isso é expressão e não a definição de espiritualidade.

Outro tema desenvolvido foi “os desafios da espiritualidade cristã na família pela comunhão”. Destacávamos que o diálogo gera comunhão. E de que forma? O diálogo quebra ou derruba os muros, desfaz o mal-entendido e diminui a falta de justiça e de perdão. Isso gera comunhão e a comunhão nos dá o sentido pelo qual nos dispomos na liberdade e responsabilidade a pôr em prática a vontade de Deus. Ser espiritual é viver a comunhão, é imitar o Cristo, é dar a vida, se for o caso.

Assim, tudo o que foi dito até agora, irmão, é para mostrar o que define a espiritualidade e o que são suas expressões.

Espiritualidade é aquilo que produz no ser humano uma mudança interior. O ser humano é um ser de mudanças, pois está sempre se fazendo, física, psíquica, social e culturalmente.

Há mudanças que não transformam nossa estrutura de base. São superficiais e exteriores, ou meramente quantitativas. Mas há mudanças que são interiores. São verdadeiras transformações alquímicas, capazes de dar um novo sentido à vida ou de abrir novos campos de experiências e de profundidade, rumo ao próprio coração e ao mistério de todas as coisas. Não raro, é no âmbito da religião que ocorrem tais mudanças; porém, nem sempre é assim.

A espiritualidade nos leva a experiência de autotranscendência e esta produz em nós o desejo da mudança e da vivência em comunhão promotora de qualidade de vida.

Em nossa Igreja, temos os exemplos mais magníficos dos santos que nos ajudam a entender o que define a espiritualidade. Vejam São Francisco de Assis: sai nu da casa dos pais, por desejo de viver com o Senhor, seu único absoluto necessário; Santa Terezinha do Menino Jesus ou da Sagrada Face, que enfrenta os pais e até o Santo Padre, o Papa na época para, mesmo sem idade, poder entrar e morrer no convento, tendo sido proclamada Doutora da Igreja e Mestra em Oração. Temos também a espiritualidade dos padres do deserto (monges), além de vários outros exemplos que poderiam ser citados.

E é esta a proposta que fica para este e muitos outros anos: a espiritualidade para que o casamento possa dar certo.

Estamos, irmãos, no mês vocacional. Mês em que nos deparamos com o chamado de Deus, que exige de nós uma resposta. O texto de Lucas (1,1-26), que traz o convite de Deus para que Maria seja a Mãe do Redentor, nos ajuda a entender a vocação – do latim vocare, que significa chamado ou chamamento. Ao dar a nossa resposta: “eis aqui o servo ou a serva do Senhor”, é preciso saber a que estamos sendo chamados. Maria, antes de dar sua resposta, disse: Não conheço homem... É preciso descobrir, para podermos aceitar o convite. O SAV, que é o Serviço de Animação Vocacional, é um grande instrumento para nós, hoje e sempre.

A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento por Jesus Cristo.

O casamento não é uma instituição simplesmente humana, apesar das inúmeras variações que sofreu no curso dos séculos, nas diferentes culturas, estruturas sociais e atitudes espirituais.

Irmãos, parafraseando o Apóstolo Paulo, eu diria que o casamento só dá certo quando os maridos amam e respeitam a sua companheira de vida, e a esposa, o seu companheiro; quando existe respeito e fidelidade; quando existe perdão. Mas, dentro de tudo isso, se não houver diálogo, a relação será como a casa construída sobre a areia, e não sobre a rocha. A casa na rocha é quando o casal vive e tem espiritualidade e, mesmo assim, vão vir as tempestades, mas a calmaria vem à medida que a família disser: “Fica conosco, Senhor, porque já é tarde”; ou, como Maria: “Eles não têm mais vinho”; ou ainda: “Senhor, estamos afundando, ajude-nos!”.

“Não tenham medo. Eu estou convosco!”, afirma-nos Jesus. Não tenham medo de perdoar uma infidelidade matrimonial - mas sejam intolerantes quando um dos dois estiver vivendo uma vida dupla -, ou quando passarem por um momento de crise: de desemprego, de miséria, de perda…

O pacto matrimonial significa o amor de Cristo para com a sua Igreja. Por isso, casais, do mesmo modo que Cristo amou e se entregou por sua Igreja, vocês são chamados a isso e, se for preciso dar a vida um pelo outro, lembrem-se: vocês formaram uma só carne e o que Cristo uniu o homem não separa.

Salvem em Deus a sua família, sejam promotores da vocação à vida sacerdotal e religiosa, pois das famílias bem constituídas nascem e desabrocham inúmeras vocações, sobretudo sacerdotais.

Ao longo desses dias, nos dispusemos a refletir e discutir inúmeros temas dentro do âmbito da espiritualidade e gostaríamos de agradecer à Cristina e ao Francisco, atuantes na Pastoral Bíblico-Catequética aqui em nossa paróquia, que nos ajudaram com o tema “A Eucaristia Dominical, Expressão Maior de Espiritualidade”. Na segunda-feira, todos os meus queridos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística levaram para os Setores a reflexão “Família, a Igreja Doméstica: Lugar Especial de Espiritualidade Cristã”. Na terça-feira, pudemos ouvir a sábia e extrovertida Mara Rosin, da Pastoral da Comunicação, que, junto com seu companheiro de vida, o Carlos, apresentou os “Desafios da Espiritualidade Cristã na Família pela Comunhão”. Na quarta-feira, fizemos a Novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro com a Santa Missa e, nessa ocasião, o casal Thiago e Cláudia, representando a Pastoral dos Namorados, nos ajudou com o tema “Religiosidade e Piedade Populares no Exercício da Espiritualidade Cristã -  Maria Como Fonte de Espiritualidade”. Na quinta-feira, refletimos sobre o tema proposto pela CNBB “A Espiritualidade Cristã nas Famílias: um Casamento que Dá Certo” e quem nos ajudou foram a Dirce e o Simões, propiciando também um belíssimo momento de cura através do perdão. Na sexta-feira, os nossos diáconos fizeram a Celebração da Palavra, refletindo sobre o tema “Família de Nazaré, Modelo de Espiritualidade e Obediência” (nesse dia eu fui em romaria a Aparecida do Norte, acompanhando a nossa comunidade de São Francisco de Assis).

Agradeço ao casal Gilberto e Márcia, coordenadores da Pastoral Familiar, pela ajuda e disponibilidade para comigo.

Que esses termas e apelos possam tocar profundamente os corações, ajudando as famílias a serem mais comprometidas com valores duradouros, renunciando ao supérfluo. Que a Espiritualidade seja hoje e sempre apelo pertinente a nós, cristãos.

E que a família possa seguir os exemplos da Sagada Família.

Agradeço a todos pela ajuda, dedicação e colaboração. Muito obrigado!

Amém!

Cônego Alexandre Donizeti Francisco, Opraem

 

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