A primeira superposição no conceito de “vocação” nasce, no meu modo de ver, da passagem de uma mentalidade bíblico-oriental para a ocidental. Pela Escritura, contaminada pelo orientalismo, recebemos um conceito de “vocação” em que o elemento divino é o principal. Deus chama, escolhe, elege e determina o que deve ser feito. O ser humano apenas pede sinais e obedece. É um conceito muito carregado de imposição divina mais do que de liberdade humana. Tem as características de magia das antigas religiões dominadas pelo determinismo da vontade divina que precisa ser obedecida.
A Bíblia, mesmo atribuindo mais liberdade de ação ao homem, fica, contudo, muito dentro do determinismo divino, acima do determinismo humano. Essa prepotência divina sobre a ação humana passa do Antigo para o Novo Testamento. É mais suave, porém continua a ênfase do divino sobre o humano. Isso vai contra a atitude do homem ocidental e da modernidade, pois ele se preocupa mais com os poderes humanos do que com os divinos. É uma visão mais realista do agir humano: ele percebe que onde se planta, nasce e cresce. É um ser que confia mais em si do que o homem oriental. Para este, o ser humano é um chamado de Deus para a missão; para o ocidental, será um “funcionário” da sociedade, uma pessoa que, por necessidade social, precisa estar a serviço da comunidade.
Esse mesmo funcionário, numa sociedade teocrática como a bíblica, é um “chamado” para colaborar nos projetos divinos. É por isso que temos, hoje, tanta dificuldade em entender o que é, de fato, “vocação”. Para o oriental, vocação é chamado especial; para o ocidental, é uma “função”, um cargo, para realizar o bem comum da sociedade.
Aqui se levanta uma primeira questão: o que é melhor para a pastoral vocacional? E a segunda questão é a seguinte: o ideal, no caso da vocação sacerdotal e religiosa, é o vocacionado ser mais profissional ou espiritual? Nesses dois casos, percebe-se uma necessidade forte de aculturação como resposta sensata aos avanços, sem grande cuidado, da cultura oriental sobre a ocidental. Os frutos dessa invasão cultural tornam-se dificuldade real para a Pastoral Vocacional em apresentar aos jovens a proposta de Cristo para trabalhar na seara do Reino e também o surto da “dúvida vocacional” nas pessoas que viveram muitos anos o projeto da Vida Religiosa e Sacerdotal.
Os jovens precisam discernir os aspectos acima para poderem, com maior clareza, usufruírem com objetividade a opção vocacional, a qual é uma caminhada muito lenta e longa.
Vocação é um chamado de Deus para uma missão. Você já sabe qual é a sua Missão de cristão batizado no Senhor Jesus? Será que Deus o chama para ser um consagrado, um sacerdote ou um pai / mãe de família?
Para poder responder e discernir o chamado divino é necessário passar pelo processo de discernimento vocacional. É aí que entra o trabalho da Pastoral Vocacional, que se constitui num grupo de pessoas que, através de encontros específicos, o ajudarão a fazer a opção correta para sua vida.
Desse modo, queremos convidá-lo para participar dos nossos encontros de discernimento mensal vocacional.
Que o Divino Espírito Santo nos ajude a discernir e perseverar em nossa vocação!
Receba o abraço fraternal da equipe vocacional!
Cônego Alexandre Donizeti Francisco, Opraem
Pároco de São Sebastião
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